Eu já adivinhava isto… O empate e a exibição de ontem da Selecção Nacional foram o pretexto que faltava para os jornais desportivos se abaterem impiedosamente sobre Carlos Queiroz. Pelos títulos de hoje, percebe-se que isto acontece não pelo que há de criticável ao seleccionador nacional, mas pela indisfarçável sofreguidão com que alguns jornalistas – sobretudo os mais bem posicionados nas hierarquicas redactoriais – desejavam ter uma oportunidade para estabelecer comparações com Scolari.
Queiroz, é certo, não estará isento de responsabilidades na má prestação da Selecção Nacional. Mas, as duas últimas exibições são, simplesmente, mais do mesmo a que vínhamos assistindo desde o tempo de Scolari. Com uma única diferença: com o treinador brasileiro as bolas batem no poste e entram na baliza, com o técnico português batem no poste e “morrem” nas mãos do guarda-redes adversário…
Recordo algumas péssimas exibições da Selecção com Scolari no comando. E resultados tão ou mais inaceitáveis do que o empate com a Albânia: por exemplo, as duas humilhantes derrotas em casa com a Grécia, no Euro’2004, quando, aí sim, Portugal jamais deveria ter perdido.
Se a memória não me atraiçoa, a melhor exibição de Portugal nos últimos anos aconteceu, recentemente, contra a Dinamarca, no primeiro jogo “a sério” de Queiroz. Infelizmente, o jogo fez lembrar aquela célebre final entre Manchester e Bayern, que os ingleses venceram nos últimos segundos após estarem (era o que parecia) “irremediavelmente derrotados”…
Confesso que, não sendo um adepto incondicional de Carlos Queiroz, prefiro ver o treinador português no banco da Selecção Nacional. Não por ser português e Scolari brasileiro, mas porque Queiroz, independentemente dos resultados, prestigia a imagem de Portugal. Não recorre a bruxas e santinhas, não agride jogadores, não insulta jornalistas… E eu prefiro que me vejam como vencível mas civilizado, do que como invencível e malcriado…
Mas, reconheço, Scolari tem uma magia qualquer… Foi com espanto que assisti, no Estádio das Antas, aos jornalistas brasileiros a aplaudirem de pé a entrada na sala de imprensa do, então, novo seleccionador nacional. Pensei, “a cultura brasileira é diferente da nossa…”. Mas, afinal não. Também por cá existe quem tenha perdido a noção do ridículo.
Quanto a Queiroz, uma crítica: Quaresma deve (tem que) ser titular e Ronaldo deve (tem que) ser substituível. De resto, continuará a ter a minha confiança…