No passado fim-de-semana, celebraram-se, no Porto, os 200 anos das Invasões Francesas. Uma cerimónia com direito à presença do Presidente da República. Até aqui, tudo bem…
A nacional parolice – para não lhe chamar incompetência e falta de cultura – ditaram, no entanto, que fosse encomendada uma escultura (!) ao arquitecto Souto Moura, que passa a assinalar o local onde existia a famosa ponte das barcas.
Chamo-lhe parolice, incompetência e falta de cultura porque não entra na cabeça de ninguém essa moda – mais uma… – de encomendar esculturas a arquitectos. Por muito bons ou prestigiados que eles sejam. Não tem o Porto escultores? Assim, de repente, lembro do mais óbvio que conheço: Mestre José Rodrigues. Mas, muitos outros haverá. Quanto mais não seja, vão à Faculdade de Belas-Artes da Universidade do Porto.
O resultado é aquela placa de ferro, feita por um ferreiro qualquer a mando de Souto Moura, a quem, certamente, pagaram a peso de ouro para inventar uma pseudo-escultura. Ainda por cima, o famoso arquitecto teve o desplante – para não lhe chamar outra coisa – de se esquecer de acertar o relógio e comparecer à inauguração da dita “escultura”, deixando o Presidente da República (e a cidade) pendurado!
Certamente, não se esquecerá de enviar a tempo e horas a factura da “obra de arte”. Talvez para pagar ao ferreiro…
A histórica data merecia outro tratamento. E os artistas/escultores do Porto também.
Felizmente, ninguém se lembrou de mandar retirar o alto relevo das “alminhas”. Esse, sim, uma obra de arte que homenageia os que perderam a vida na tragédia de há 200 anos. E não consta que tenha sido feita por nenhum arquitecto famoso…
Enfim!…