É a Ética, senhores!…
Posted by pbessa em Maio 13, 2009
Acontecimentos recentes e recorrentes levaram-me a “meditar” um pouco sobre algo que, em minha opinião, constitui um dos fenómenos mais preocupantes da sociedade portuguesa actual e, sobretudo, da política e da economia: Ética.
Portugal é um país carente em muitos aspectos, mas grande parte dos seus problemas derivam de um factor comum: a ausência de Ética.
A conclusão a que chego parte não só da minha experiência de cidadão minimamente atento ao que se passa à minha volta e no resto do mundo, mas também da experiência de alguém que, como eu, faz 40 anos daqui a quatro dias e começou a trabalhar a sério aos 18. Já lá vão 22, portanto.
Mais do que procurar evangelizar crianças e pregar valores morais sob a batuta bíblica – ainda hoje, por incrível que me pareça, há aulas de Religião (católica) e Moral nas escolas portuguesas – importaria criar uma verdadeira disciplina de Ética, programada sob um ponto de vista científico e integrada nos planos curriculares desde o pré-escolar.
É fundamental que as futuras gerações tenham aquilo que falta às actuais: Ética. Seja no campo político, familiar, profissional ou empresarial. E, até, religioso, porque não? A tolerância religiosa, por exemplo. tem a ver com isso: Ética.
Neste momento, o que me preocupa mais é, no entanto, a ausência de dimensões éticas nos campos político e empresarial.
No que toca a este último – o empresarial – a situação é particularmente preocupante. Sem que possua qualquer dado científico que suporte a minha convicção, a experiência destes 22 anos de trabalho diz-me que é, sobretudo, ao nível das Pequenas e Médias Empresas (PME) que o problema da Ética mais se coloca. Eventualmente por efeito de uma menor força, porque são menos, dos seus trabalhadores.
Reflecte-se, essencialmente, na ausência de Ética por parte de uma classe empresarial de PME que entende a sua actividade apenas sob um ponto de vista: vale tudo (ou quase) para obter resultados.
Mas não vale, ou não deve valer se olharmos o problema sob o ponto de vista da Ética. Os funcionários não podem continuar a ser vistos, simplesmente, como “trabalhadores-mercadoria”.
Deve existir lealdade e confiança entre ambas as partes. Ser competente é um valor que deve servir tanto para o trabalhador como para o empresário, sendo que, em ambos os casos, ser competente envolve ser Ético.
Sem o envolvimento destas duas componentes nenhuma delas é possível. E o empresário competente não é aquele que, pura e simplesmente, ganha muito dinheiro e enriquece a sua conta bancária…
A Responsabilidade Social das empresas é uma exigência básica para a atitude e o comportamento Ético.
O envolvimento real e dedicado dos trabalhadores na vida da empresa favorece o seu desenvolvimento profissional e individual e beneficia a própria empresa. Mas, tal só é possível, de facto, se existir uma política motivacional por parte desta. E tal nunca se verificará num cenário de ausência de Ética.
Posto isto, e porque o meu desabafo já vai longo, considero há máximas que têm cada vez mais razão de ser:
1º Não há maus países, o que há são maus políticos;
2º Assim como não há maus trabalhadores, o que há são maus chefes e/ou maus patrões….
E de todos esses, infelizmente, eu já perdi a conta!
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