Acabo de ler, num blogue por onde passei, o seguinte manifesto:
“O Acordo Ortográfico é uma vergonha nacional
Existem duas línguas distintas: o Português e o Brasileiro. O Acordo Ortográfico é um verdadeiro crime contra a língua portuguesa. É preciso protestar e recusar o seu cumprimento.”
Não vou agora discutir se estou ou não de acordo com… o Acordo. Mas, é bom que não se confundam as coisas. Em Portugal e no Brasil só se fala UMA língua. E essa língua é o Português. Ou alguém acha que Jorge Amado, Chico Buarque e João Ubaldo Ribeiro escrevem em “língua brasileira”?!!!
Quando ao Acordo, propriamente dito, parece-me, também, que anda muita gente mal informada sobre o que está, de facto, acordado. Ainda há quem pense que, em Portugal, vamos tirar o “c” ao “facto” e passar a escrever “fato”. O que não é verdade, pois o “c” do “facto” é não é mudo e, portanto, não cairá. Portanto, antes de criticarem, informem-se! Depois, tudo bem, venham as críticas.
Eu, sinceramente, não me preocupo demasiado com isso, até porque ainda não pensei muito no assunto e sei que o valor de uma língua passa pela sua capacidade de se adaptar e de evoluir. Preferi informar-me sobre como vou passar a escrever, do que pensar sobre se está bem ou mal. Mas, não o critico quem critica, desde que o faça com conhecimento de causa (e não diga barbaridades como a do manifesto acima reproduzido).
Na verdade, preocupo-me mais com algo que Mia Couto me disse, há talvez um ano: “o que deviam discutir era a entrada dos autores portugueses e africanos no mercado brasileiro, pois nós não conseguimos lá entrar”.
Ora, nem mais!…